Diferentemente do que o mercado esperava, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) fez maiores alterações no quadro de oferta e demanda de milho no relatório divulgado na tarde desta sexta-feira (10). A produção do cereal no país, que era projetada em 355,3 milhões de toneladas no mês passado caiu para 353, 7 milhões de toneladas. A expectativa do mercado era de 356,9 milhões de toneladas. O corte ocorre em função de uma redução nos rendimentos médios das lavouras no Hemisfério Norte, que agora são estimados em 166 sacas por hectare. Em dezembro, a produtividade média do país era apontada em 167,7 sacas por hectare.
Além de apertar o quadro de oferta norte-americano, o Usda elevou as projeções de consumo do grão no país. O volume destinado à fabricação de etanol combustível aumentou de 125,7 milhões de toneladas para 127 milhões de toneladas.
O resultado foi que os estoques internos dos Estados Unidos caíram mais de 4 milhões de toneladas. De 45,5 milhões de toneladas, agora são estimados em 41,4 milhões de toneladas.
Os números causaram forte alta nas cotações do cereal na Bolsa de Chicago. Logo após a divulgação do relatório, os principais contratos registravam alta de 3% em relação ao valor de fechamento do dia anterior. É o caso do vencimento março/14, que valia US$ 4,24 por bushel às 15h20, com valorização de 3,09%.
Soja
Outra surpresa do Usda para o mercado foi o número de estoques de soja nos Estados Unidos. A expectativa era de que com o aumento na projeção de produção do país, o órgão cortaria as reservas norte-americanas. Mas não o fez. A estimativa de colheita realmente foi elevada para 89,51 milhões de toneladas – em dezembro a previsão apontava 88,6 milhões de toneladas –, mas os estoques foram mantidos em 4,1 milhões de toneladas. Os traders acreditavam que as reservas do país seriam elevadas, porque as exportações também deveriam crescer. A projeção de embarques norte-americanos, porém, veio abaixo do que o mercado esperava. O Usda calcula que o país vai vender ao mundo 40,69 milhões de toneladas, ligeiramente acima das 40,14 milhões de toneladas estimadas no mês passado.
As projeções da soja não foram suficientes para levar as cotações futuras do grão de volta ao patamar de US$ 13 por bushel na Bolsa de Chicago. Somente o contrato referente à colheita norte-americana, o janeiro/14, que ainda reflete a demanda aquecida pelo produto dos Estados Unidos, trabalha nesse valor. Os vencimentos referentes à safra sul-americana continuam entre US$ 12,60 por bushel e US$ 12,80 por bushel.
Mundo
Para a América do Sul, houve aumento na estimativa da colheita brasileira de soja, que agora é avaliada em 89 milhões de toneladas – 1 milhão acima do projetado em dezembro — e corte de 1 milhão de toneladas na produção de milho da Argentina. O país vizinho deve retirar do campo 25 milhões de toneladas do cereal, conforme o Usda. A cultura foi prejudicada pelo calor excessivo registrado no final do ano no país.
Outro destaque é a redução na previsão de importação de milho da China. Até dezembro, o órgão norte-americano apostava em compras que somavam 7 milhões de toneladas nesta temporada. O número foi revisado para 5 milhões de toneladas.