Em novembro, de acordo com a edição de dezembro do Boletim Logístico divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os preços de frete apresentaram variações nas diferentes regiões do Brasil. Nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí e São Paulo, houve queda nos valores, impulsionada principalmente pela baixa demanda, redução nos volumes de grãos movimentados e retração nas negociações. O Distrito Federal também registrou queda, especialmente nas rotas que transportam soja, com recuos de preços de até 9% e 7% para alguns destinos.
Por outro lado, no Maranhão, a escassez de fretes para soja e a movimentação reduzida de milho resultaram em preços estagnados. Em Minas Gerais, o mercado permanece aquecido, com preços equilibrados, embora algumas praças tenham registrado aumento devido a ajustes pontuais nas condições logísticas e na demanda. A Bahia também manteve estabilidade nos preços de frete, apesar da queda no fluxo logístico e no volume de grãos comercializados. No Paraná, a situação permaneceu estável, sem grandes variações nos valores de frete.
O mercado de fretes rodoviários apresentou desaquecimento em novembro, com redução em praticamente todas as rotas que têm o Estado como origem. O processo de redução de preços, que já vinha ocorrendo de forma gradativa ao longo dos últimos meses, se acentuou em novembro, refletindo, de certa maneira, a temporada de menor quantidade produzida em termos de soja e de milho, não apenas em Mato Grosso, mas no Brasil como um todo.
“Assim, a menor demanda por transporte rodoviário tem acarretado redução na cotação do frete e, tendo a produção reduzido também em outros estados, a migração interestadual de caminhões contribuiu para o deslocamento de oferta, que se sobrepõe à demanda. Outro fator relevante a ser destacado é a dinamização do mercado interno de Mato Grosso. Este desenvolvimento de mercado e das cadeias produtivas em âmbito estadual, que já englobava a soja, e que tem caminhado a passos largos também para o milho, proporciona elevação da demanda interna dentro do próprio Estado, para abastecimento de indústrias locais, a exemplo da demanda por milho para produção de etanol. As usinas de etanol a base de milho têm se estabelecido no contexto estadual e, a cada ano, surgem novas e modernas usinas, que elevam a demanda interna por milho, que tem apresentado forte expansão nos anos recentes, substituindo montante que seria alocado para as exportações”, explicam os analistas da Conab.
Ainda conforme o levantamento, empresas do ramo têm oferecido ágio para aquisição de milho, garantindo, assim, seus estoques. Para o mercado de fretes rodoviários, isso significa viagens mais curtas, maior giro, maior pulverização para atendimento do mercado interno e menor gasto, em termos de tempo, para destinação da produção ao cliente final. Desta forma, um mesmo caminhão faz mais viagens, e há oferta sobressalente de transportes, contribuindo para o processo de redução nos preços.
Outro ponto a se destacar é que, com a intensificação das chuvas, a tendência é de retomada e intensificação gradativa dos corredores do Arco Norte e o trajeto para Porto Velho já observa movimentação e elevação em suas cotações.
“Para 2025, melhores perspectivas são projetadas para a logística estadual, sob a ótica das empresas do setor e dos preços pagos, dado que a excelente safra de soja que se desenha deve bater recordes de produção colhida, o que, por um lado, deve remunerar melhor o setor, por outro lado, poderá agravar gargalos e retirar competitividade regional e nacional. A participação estadual nas exportações brasileiras de milho, no período em análise, atingiu 63%, enquanto a de soja, foi de 3,7%”, pontuam os analistas.
EXPORTAÇÕES - As exportações de soja e milho do Brasil apresentaram resultados distintos em novembro de 2024. A soja, com desempenho abaixo do esperado, registrou 2,55 milhões de toneladas embarcadas, o que representou uma queda de 45,8% em relação ao mês anterior. Esse recuo é reflexo da quebra na safra 2023/24, mas a expectativa para a próxima temporada, com a recuperação da produção, é que as exportações atinjam cerca de 105,48 milhões de toneladas, superando as vendas do ciclo atual.
O Brasil, maior exportador global de soja, viu redução no volume exportado em 2024 em comparação aos recordes de 2023. No acumulado de janeiro a novembro, o país exportou 96,8 milhões de toneladas de soja, contra 101,8 milhões no mesmo período do ano anterior, devido à quebra de safra e à queda nos preços internacionais. Esse desempenho fez com que a soja perdesse a liderança nas exportações do Brasil para o petróleo, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A última vez que a soja não foi líder na receita exportadora do país foi em 2021, quando o minério de ferro assumiu o topo.
Quanto aos portos, os do Arco Norte, que seguem como principais pontos de escoamento, responderam por 35% das exportações de soja em novembro de 2024, contra 33,8% no mesmo período de 2023. O Porto de Santos teve 28,9% da movimentação, enquanto no ano anterior esse volume foi de 30%. O Porto de Paranaguá, por sua vez, registrou uma leve queda, com 13,9% das exportações, contra 14,1% no mesmo mês de 2023.
No setor do milho, as exportações também apresentam distribuição pelos portos do país. Pelos portos do Arco Norte, foram escoadas 47,2% da movimentação acumulada de janeiro a novembro de 2024, contra 41,6% no mesmo período do ano passado. O Porto de Santos, com 41,6%, foi responsável por uma fatia significativa, seguido por Paranaguá (3,3%) e São Francisco do Sul (5,4%). Os principais estados exportadores de milho são Mato Grosso, Goiás, Paraná e Maranhão.
Em relação aos fertilizantes, a redução na importação do insumo em novembro de 2024, quando foram desembarcadas 4,2 milhões de toneladas, reflete a demanda já atendida para o período. Esse volume representa uma queda de 15% sobre o mês anterior, mas um aumento de 8,8% em relação ao mesmo período de 2023. No acumulado de janeiro a novembro, os portos brasileiros receberam 36,73 milhões de toneladas de fertilizantes, uma ligeira queda de 0,8% em comparação com o ano anterior. Entre os principais portos, Paranaguá recebeu 8,9 milhões de toneladas, Santos 7,19 milhões, e os portos do Arco Norte 6,39 milhões de toneladas.