Alexandre Glauco, gestor de Sustentabilidade da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), observa que a associação entre incêndios e a atividade rural é comum devido ao seu uso no passado. No entanto, essa prática já foi abandonada em Mato Grosso, pois é incompatível com o plantio direto e as boas práticas agrícolas.
“Esse mito de que o produtor utiliza fogo para limpar a terra antes do próximo plantio não é verdade. Na verdade, o fogo é um inimigo do plantio direto e da rentabilidade. O solo se torna menos produtivo e eficaz, resultando em colheitas menores e uma série de malefícios”, enfatiza Alexandre.
Ele explica que o fogo não só queima a matéria orgânica — essencial para o plantio direto — como também extermina micro-organismos do solo, fundamentais para a produção agrícola. Além disso, alguns nutrientes são perdidos na atmosfera, enquanto outros se transformam em formas químicas que não podem ser absorvidas pelas plantas. Isso compromete anos de trabalho na construção da fertilidade do solo e afeta nascentes, fauna, flora e até os maquinários das propriedades.
Recentemente, um vídeo produzido pela Aprosoja-MT, em 2021, ganhou destaque, novamente, nas redes sociais ao mostrar a incoerência entre o uso do fogo e a atividade agrícola. Essa produção faz parte de uma série de materiais elaborados pela entidade sobre prevenção de incêndios nas propriedades.
Alexandre também alerta para os riscos do descuido de algumas pessoas que queimam lixo. Essa prática ainda é comum devido à falta de saneamento básico em muitas cidades. Além de poluir o ar localmente, as fagulhas podem ser levadas pelo vento a longas distâncias, iniciando novos focos de incêndio.
“O impacto dos incêndios é enorme: há perda da produção e aumento dos custos para recuperar os nutrientes do solo. O produtor precisa preparar novamente a terra, revolvendo-a, além dos danos à flora e fauna e à polinização. O fogo é extremamente nocivo”, conclui Alexandre.