O volume de bovinos confinados em Mato Grosso, neste ano, vai ser 1,84% superior ao consolidado no ano passado. Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), serão 837.770 cabeças.
A variação anual positiva é fruto da adoção de estratégias inéditas para driblar os impactos negativos sobre o mercado, após a confirmação de dois casos de vaca louca – em Mato Grosso e Minas Gerais - que mesmo atípicos levaram diversos mercados consumidores da carne brasileira a suspender as compras, especialmente o chinês, o maior parceiro comercial do Brasil e de Mato Grosso. Essa recusa reduziu a demanda por abates, deixando os frigoríficos com suas linhas de produção ociosas, e impactou nos preços da arroba que refletiu a lei de mercado, menor preço com menor demanda.
Esse último trimestre está sendo marcado por tensões quanto à precificação da arroba, que recuou 10,47% na passagem de setembro para outubro, o que desanimou parte dos atuantes da área e levou muitos ao prejuízo por cabeça de bovinos negociado. A vaca louca, por exemplo, impôs decréscimo de 5,32% na estimativa de animais confinados no Estado, realizada em julho.
Como destacam os analistas do Imea, os resultados obtidos apresentaram movimentos atípicos, visto que pela primeira vez o rebanho confinado no último levantamento do ano reduziu ao comparar com o anterior, realizado em julho. Um terceiro giro para entrega de animais foi criado, como forma de diluir os custos com a suplementação alimentar, bem como garantir mercado aos animais.
Em setembro, quando houve a confirmação dos casos atípicos da doença, no Estado, uma das consequências imediatas desse cenário foi a suspensão das exportações para alguns países compradores de carne bovina mato-grossense, dentre eles, a China (principal player consumidor). Com a ausência e sem retorno pré-estabelecido desse importante comprador, a arroba do boi gordo que vinha alcançando elevados patamares e influenciando na tomada de decisão de vários confinadores de Mato Grosso, começou a ser pressionada. A queda passou a ser relatada já a partir de setembro, mas registrou decréscimos mais agressivos em outubro. “Esse decréscimo mais agressivo nos preços do boi gordo foi a principal preocupação relatada pelos entrevistados nesse último levantamento, correspondendo com 50% da amostra. Além disso, cerca de 29% dos informantes relataram receio com os preços dos insumos, principalmente por conta da valorização do milho e farelo de soja”, explicam os analistas.
AS ESTRATÉGIAS - No intuito de minimizar as perdas por conta da queda no preço da arroba, os confinadores do Estado buscaram alternativas. A primeira delas se refere à parcela de confinadores que entregaram seus animais mesmo diante do recuo no preço do animal. O principal motivo esteve relacionado com a elevada cotação no custo da diária do animal – vale destacar que 2021 foi um ano de maior procura por boitéis por conta dos preços dos insumos em alta.
A segunda medida esteve voltada para os confinadores que buscaram alternativas de postergar a entrega dos animais terminados, na expectativa de valorização da arroba no curto prazo. Dentre as alternativas, destacou-se a alteração na formulação da ração e a destinação dos animais ao pasto para que a engorda fosse mais lenta.
Já a terceira estratégia englobou àqueles que iriam realizar o terceiro giro de confinamento, ou que estavam no início do processo de engorda dos animais. Por não possuírem animais prontos, se remanejaram conforme suas particularidades como, por exemplo, deixando de adquirir os animais de reposição ou permanecer seus animais no pasto. Toda essa conjuntura explica o recuo no volume de animais a serem confinados no consolidado de 2021, ao comparar com os resultados de julho.
Com relação à previsão de entrega dos bovinos confinados, diferente do último relatório em que a distribuição se concentrou no último trimestre de 2021 de forma homogênea, neste novo levantamento, foi observado uma menor destinação dos animais ao abate em outubro, e maior nos meses de novembro e dezembro
Em outubro, o Imea realizou o terceiro levantamento das intenções de confinamento referente a 2021. Nesse sentido, a pesquisa contou com a participação de 138 informantes, o que correspondeu com 75,41% do total da amostra em análise. Com isso, cerca de 59,00% dos entrevistados informaram que confinaram ou pretendem confinar em 2021, enquanto aproximadamente 41,00% não irão realizar o confinamento.