O inverno brasileiro em 2018 terá dias seguidos com tempo seco e alta amplitude térmica - diferença entre temperaturas máximas e mínimas. As tardes, porém, devem ser mais ensolaradas, avisa a meteorologia. Isto é, o inverno não será dos mais gelados nem terá grandes frequência de ondas de frio. “Mas existe, sim, um risco de geada tardia”, alerta Celso Oliveira, meteorologista da Somar. “Até o dia 15 de setembro, pelo menos, sempre há risco. Mas esse ano, em função do outono seco, o trigo na região sul foi plantado mais tarde. Embora possa existir uma onda de frio no final do inverno e no início da primavera, talvez isso não seja um problema pelo plantio tardio”, diz.
As características são de um clima neutro, sem influência dos fenômenos El
Niño e La Niña, que afetam temperaturas e volumes de chuvas.
Apesar do tempo seco na maior parte do Brasil, algumas regiões receberão chuvas frequentes durante a estação. “É o caso do sul do país, principalmente no Rio Grande do Sul, o leste da região Nordeste, e Roraima”, explica Oliveira.
Previsão regional
No Rio Grande do Sul, o trigo estará em desenvolvimento durante o inverno. Em geral, a expectativa é positiva e a tendência é que as condições sejam favoráveis para a cultura, com chuvas e a incidência de luz solar favoráveis.
No Paraná, haverá a colheita do milho safrinha, de café, cana-de-açúcar e um pouco de laranja. Em alguns momentos, os trabalhos de campo até podem ser paralisados por uma chuva que venha de uma frente fria. Mas não há expectativa que essas precipitações sejam muito duradouras. “Então talvez o produtor pare por alguns dias, mas basta esperar a frente fria passar e o solo secar para retomar a colheita. Não há previsão de chuvas persistentes a ponto de atrapalhar as atividades de campo”, afirma Celso.
No Sudeste e no Centro-Oeste, a previsão em julho é de chuva abaixo da média. Em agosto, a expectativa já é de chuva acima da média, mas Oliveira pondera que isso não significa chuva volumosa. “Agosto é o mês mais seco do ano. Pode ser que uma frente fria consiga avançar e levar uma precipitação suficientemente alta para passar a média. Mas isso não quer dizer que vá chover muito”, diz o meteorologista.
No Nordeste, as condições climáticas devem ser positivas para a cana-de-açúcar da Zona da Mata. O volume das chuvas não tem sido alto, mas é frequente. E a previsão se mantém assim para o restante da estação: precipitações frequentes, sem grandes acumulados, mas suficientemente altos pra manter a umidade do solo e o desenvolvimento da cultura.
Na região Norte, chama a atenção o café conillon de Rondônia, que está com condições meteorológicas favoráveis para a colheita. Em Roraima, costuma chover muito durante o inverno brasileiro. Para este ano, a expectativa é de precipitações frequentes, mas não muito volumosas. Isso pode preocupar o produtor de arroz do Estado. “O arroz é muito exigente com água, então pode haver um déficit hídrico no desenvolvimento. As chuvas serão frequentes, mas como a cultura exige muito, fica essa dúvida”.
Riscos pontuais
Mas é possível que uma onda de frio traga problemas para a cana, café e laranja. “Estudos sobre o café mostram que a frequência de ondas danosas, a ponto de trazer geadas, é maior em anos neutros em comparação a anos de El Niño e La Niña”, explica Oliveira. Portanto, é necessário monitorar, mas o fato é que serão poucas ondas de frio. “Em julho e agosto, talvez uma por mês, e de curta duração. Agora no final de junho não haverá mais nenhuma forte”.
Em setembro, começam a aparecer as trovoadas típicas do final de inverno e início da primavera, alerta Celso. Mas as colheitas de café, laranja, cana e algodão das duas regiões não terão grandes impactos, porque na maior parte do tempo o tempo é firme, com condições favoráveis para as atividades de campo.
No caso do algodão de Mato Grosso, as ondas de frio podem paralisar momentaneamente as atividades de maturação do algodão, mas não há previsão de que o cenário seja persistente a ponto de paralisar os trabalhos por muitos dias seguidos.
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