A receita agrícola mato-grossense da safra 2012/13 deve mesmo ficar inferior ao volume consolidado no ano passado. Nova projeção divulgada ontem pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (AGE/Mapa) corrigiu, novamente para baixo, o Valor Bruto da Produção (VBP), que considera o faturamento gerado da porteira para dentro das propriedades considerando produção e preço. A retração é de 1,6%.
Conforme o levantamento mensal da AGE/Mapa, o faturamento para este ano deve ficar em R$ 39,62 bilhões ante R$ 40,27 bilhões, cifras consolidadas no ano passado. A desvalorização das commodities - especialmente da soja que é o carro-chefe do agronegócio local – observada até o mês passado, aliada à quebra de produtividade e produção no ciclo atual sustentam a projeção.
Se os valores se confirmarem, Mato Grosso, maior produtor nacional de grãos e fibras há duas safras seguidas, será o único entre os grandes produtores do país a fechar o ciclo em retração. Além disso, enquanto o Estado vai consolidando a retração, o VBP nacional tem projeção de crescer quase 10%, passando de R$ 246,85 bilhões para R$ 271,04 bilhões.
Mas ao comparar as atualizações mensais, a maior e a menor projeção, há uma perda bilionário pelo caminho, já que a receita sai de uma estimativa recorde de R$ 45,63 bilhões para o VBP de Mato Grosso – teto do levantamento e divulgado em março – para o piso de R$ 39,62 bilhões, recuo de 13%, ou, perda de pouco mais de R$ 6 bilhões em um intervalo de abril a maio.
As cifras que vão deixar de circular na economia estadual – e que dependendo do comportamento dos preços daqui em diante pode aumentar ainda mais – seriam suficientes para custear 40% das despesas efetivas da sojicultura e 100% - com direito a ‘troco’ – do milho segundo safra. Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), na safra 2012/13 foram cultivados 7,89 milhões de hectares a um custo médio de R$ 1,90 mil, o que demandou investimentos diretos de cerca de R$ 14,99 bilhões. Já para o milho segunda safra, a média por hectare cultivado foi de R$ 1,36 mil para uma extensão de 3 milhões de hectares, ou, desembolso total de R$ 4 bilhões.
CULTURAS – Somente a soja, entre a projeção máxima e a mínima, foi a que mais perdeu receita no Estado, nesta safra. De um teto de R$ 28,56 bilhões na estimativa de março para atuais R$ 21,33 bilhões – em abril era R$ 22,70 bilhões – se perderam mais de R$ 7,23 bilhões no período. No ano passado o VBP da oleaginosa fechou em R$ 22,80 bilhões.
A projeção de que o VBP do milho segunda safra superará pela primeira vez o do algodão se mantém. Para o cereal, a receita deve fechar em R$ 8,67 bilhões, ante, R$ 7,25 bilhões em 2012. O algodão que assim como a soja enfrenta a desvalorização da cotação – e mais a retração de mais de 30% na oferta nesta safra – deve consolidar faturamento de R$ 6,99 bilhões, ante R$ 7,96 bilhões. Se as estimativas se confirmarem, o milho terá receita histórica enquanto a pluma vai amargar o pior resultado das últimas três safras.
BRASIL - “Como a safra de grãos 2012/13 está praticamente concluída, restando apenas informações das lavouras de inverno e do milho de segunda safra, o valor da produção daqui em diante tende a se estabilizar, a menos que haja eventos não esperados que possam mudar essa tendência”, explicou o coordenador de Gestão Estratégica do Mapa, José Garcia Gasques.
A maior parte dos produtos pesquisados apresentou aumento real do valor da produção neste ano. Os maiores destaques são a batata-inglesa, 31%, laranja, 30,1% e tomate, 82,3%, culturas que não são cultivadas em grande escala em Mato Grosso. Um grupo de sete produtos tem perspectiva de crescimento menor, mas também expressivo: banana, 8,9%, arroz, 7,9%, cana-de-açúcar, 9,4%, feijão, 10,3%, fumo, 18,2%, milho, 11,8% e soja, 17,1%.