A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) avaliou como positivo o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2013/14, anunciado na última terça-feira pelo ministro da Agricultura, Antonio Andrade. Além da maior oferta de recursos em relação ao ano passado, o ponto mais comemorado é o montante destinado especificamente para armazenagem, déficit que depois do logístico, é o que mais corrói a renda do produtor mato-grossense que produz a maior safra de grãos do Brasil e depois da colheita não tem onde estocar os produtos. Para os ruralistas, é a primeira vez que o problema estrutural recebe atenção do governo federal.

Para a Famato, o principal ponto é exatamente o investimento em armazenagem. “O governo federal disponibilizará R$ 25 bilhões para a construção de armazéns privados no Brasil nos próximos cinco anos, sendo R$ 5 bilhões na safra 2013/2014, com prazo de 15 anos para pagamento e juros de 3,5% ao ano. A expectativa é que este montante seja suficiente para modernizar a infraestrutura dos armazéns para que os gargalos da agricultura brasileira sejam amenizados”, destaca a entidade em nota.

Dados da entidade e divulgados no Diário mostram que somente em soja e milho o Estado deverá somar mais de 41 milhões de toneladas (t) nesta safra, volume que ultrapassa em 28,4% a capacidade estática de armazenamento. A sobreoferta ficará evidente a partir 30 de julho, quando o encontro dos estoques dos grãos, com a chegada da nova supersafra de milho será inevitável pelos silos Estado afora. Em momentos como esses, como destacam os produtos as perdas na qualidade do grão e financeira são certas. Primeiro porque ou se paga para armazenagem privada, ou vende a produto a qualquer preço ou deixa a céu aberto.

Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), órgão vinculado à Famato, a capacidade instalada dos armazéns de Mato Grosso é de 28 milhões de toneladas para uma safra de 41 milhões de toneladas de grãos, sendo que 67,5% dessa capacidade estão em armazéns comerciais, 29% particulares (produtores) e 3,5% cooperativas. Para comportar todo o déficit de armazenagem que o Estado possui atualmente seriam necessários mais 3.737 silos, ou investimento de R$ 9,15 bilhões.

O total de recursos liberados para a próxima safra é de R$ 136 bilhões, sendo R$ 97,6 bilhões para financiamentos de custeio e comercialização e R$ 38,4 bilhões para os programas de investimento. Em relação ao crédito disponibilizado na temporada que termina no dia 30 de junho deste ano, a alta é de 18%.

Dos R$ 136 bilhões previstos para a nova safra, R$ 115,6 bilhões serão com taxas de juros controladas, crescimento de 23% sobre os R$ 93,9 bilhões previstos na temporada 2012/13. A taxa de juros anual média é de 5,5%, sendo que serão menores em modalidades específicas: de 3,5% para programas voltados à aquisição de máquinas agrícolas, equipamentos de irrigação e estruturas de armazenagem, de 4,5% ao médio produtor rural e de 5% para práticas sustentáveis.

AGILIDADE – A Famato espera melhorias na eficiência bancária e agilidade na regulamentação das medidas anunciadas pelo governo federal para garantir que os produtores rurais possam acessar os financiamentos prontamente.

Para composição do funding – mix de fonte dos recursos - para o plantio da soja, por exemplo, é o crédito oficial que oferta o dinheiro mais barato para a composição dos recursos totais e ano após ano, em Mato Grosso, a participação desta fonte é de cerca de 10%. Considerando as primeiras projeções do Imea para a safra 2013/14 de soja que tem custo médio de R$ 2,29 mil por hectare e uma área de 8,34 milhões de hectares a ser coberta, o custeio estimado é R$ 19 bilhões. O restante do dinheiro para plantar é captado junto às multinacionais (tradings), em torno de 25%. O funding ainda recebe cifras tomadas em bancos federais e privados, recursos próprios – volume flutuante cuja participação varia de acordo com a rentabilidade da safra que antecede o novo ciclo - e ainda junto às revendas de produtos agropecuários que em suma, assim como as tradings, recebe grãos como pagamento pelo crédito concedido.

MAPA – Ontem, o ministro da Agricultura, Antonio Andrade, voltou à ressaltar a importância em fazer um esforço para que todos os produtores agrícolas sejam beneficiados pelo PAP 2013/14. Em entrevista concedida ao programa Bom Dia Ministro, o ministro disse ainda ter certeza que esse plano beneficiará muito as regiões produtoras com juros mantidos ou menores do que foram subsidiados no ano passado, para que a produção ultrapasse 190 milhões de toneladas.